quinta-feira, 15 de abril de 2010

Licor de Osso de Tigre



Segundo a ONG britânica de protecção do meio ambiente, Environment Investigation Agency (EIA), tem sido fabricado e vendido, em alguns jardins zoológicos chineses, vinho de osso de tigre. Esta afirma que funcionários de dois zoos, do país, tentaram vender a bebida que é feita a partir do destilado do osso de tigre. A propaganda a esta bebida realizava-se, abertamente, nos zoos, afirmando-se que ela teria propriedades medicinais, nomeadamente, para o tratamento de artrite e reumatismo.

Foi descoberto que no jardim zoológico da cidade de Shenyang, no nordeste da China, 13 tigres siberianos, morreram de fome nos últimos meses. Este parque é acusado, pela imprensa chinesa, de usar os ossos dos animais para fabricar licores medicinais.

Segundo o jornal “Beijing News”, o licor, feito a partir dos ossos de tigre, é apreciado, há séculos, pela medicina tradicional chinesa, devido às suas, supostas, propriedades medicinais. Uma fonte anónima, que faz parte do zoo Shenyang, revelou esta prática ao jornal, garantindo ter bebido licor de osso de tigre.

O licor de osso de tigre pode render, por garrafa, no mercado negro, cerca de 3000 euros.

Actualmente, a produção e venda do “hu gu ji” (destilado de osso de tigre), tal como a venda de partes de tigre é ilegal, internacionalmente, na medida em que esta espécie se encontra em vias de extinção. Assim, é exigido, pelas leis contra o tráfico de restos mortais de animais em extinção, vigentes desde 1993, que os ossos e a pele de tigres falecidos sejam guardados em salas frigoríficas e lacrados. Todavia, a lei não prevê quem deve ser o responsável por estes dispendiosos procedimentos.

Desde 1980 que existem na China “quintas com tigres”, pensa-se existirem cerca de 5 mil animais cativos, possivelmente, mais do que o número actual destes animais no seu habitat natural. Durante a Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas (CITES), no ano passado, a delegação chinesa sugeriu a possibilidade de acabar com a proibição doméstica do comércio de partes de tigre, permitindo, assim, a venda de partes de animais criados nestas quintas. Segundo eles esta seria a melhor opção, pois respeitaria as necessidades dos grupos que praticam a medicina tradicional sem, desse modo, ameaçar a população de tigres selvagens. Quando esta proposta foi apresentada recebeu opiniões tanto positivas como negativas. As opiniões contestatárias alertaram que isto poderia prejudicar os esforços que têm sido feitos, de modo a acabar com a caça clandestina. Segundo estes, seria mais barato matar um tigre selvagem do que criar um em cativeiro. Seria, igualmente, muito difícil identificar as diferenças entre estas duas variantes da espécie. De acordo com o chefe da campanha da EIA, Debbie Banks, "O fim da proibição levaria a um aumento da caça clandestina. Acabando por ser muito fácil vender peles, ossos e outras partes dos animais entre as que vêm das fazendas legalizadas”.

Neste momento, existem cerca de 3500 a 7500 tigres em habitat natural, muito menos do que os 100 mil que se verificavam no início do século XX. Contudo, apesar de todos os projectos e tentativas para salvar a espécie, o número de tigres continua a cair.


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